Vitória da rua: nova pista no Anhangabaú será criada junto com skatistas
Mais do que um esporte, o skate é uma forma de viver a cidade, de criar novas experiências em espaços ociosos e reinterpretar o espaço público. O início do projeto de revitalização do Vale do Anhangabaú, em junho deste ano, reacendeu essa discussão, em meio a grandes exposições midiáticas do skate em mundiais realizados no Brasil e a força do skate BR nas Olimpíadas. Qual a importância do skate de rua para que esses grandes eventos aconteçam? E como manter espaços urbanos históricos para a cena que ajuda a fomentar toda essa cultura (e indústria)?
A resposta pode estar no #SalveoVale: após as manifestações dos skatistas na Prefeitura (falamos mais sobre isso nessa matéria), os skatistas Marcelo Formiga, Murilo Romão, Klaus Bohms, Fernando Granja, Ricardo Kalil, Gian Naccarato, foram alguns dos que conseguiram espalhar a discussão a ponto de chamar a atenção do Prefeito Bruno Covas. A arquibancada projetada (e premiada) da arquiteta e paisagista Rosa Kliass, principal ponto de skate no centro há pelos menos três décadas, será reaproveitada, uma forma de criar um memorial e um espaço skatável que realmente atenda a comunidade.
Projeto deve ser entregue em junho de 2020
Na última semana, Covas se encontrou com os skatistas, a Secretaria de Desenvolvimento Urbano, a SP Urbanismo e a CBSK para a aprovação do projeto, que reproduzirá parte da estrutura, com seu mármore original, providencial para quem não perde uma borda. E também vai ampliá-lo, trazendo novas oportunidades de manobras. De acordo com Fernando Chucre, Secretário da SDU, a conversa foi positiva. "Nós aprovamos o projeto, fizemos uma entrega formal com o prefeito presente. A obra já começou, mas a pista não vai ser entregue antes da finalização do novo parque, a previsão de entrega é para o meio de 2020."
Thiago Lobo, da Secretaria de Esportes, diz que a prefeitura tem buscado participação popular em projetos de esportes urbanos. "Quando [os skatistas] fizeram esse manifesto do Anhangabaú, eu os procurei para entender o que queriam, aí veio a demanda deles que era manter parte do desenho original, especialmente manter as pedras", explica. "De imediato, o prefeito disse que a gente ia conversar pra ver o que era possível, os outros órgãos entraram, o Chucre de imediato acatou e disse que desenharia um espaço que os contemplassem e o desenho foi feito a quatro mãos, com skatistas locais e os agentes da prefeitura. Aí não tem jeito… A chance de dar errado, pra não dizer que é zero, é quase zero."
Lobo ainda comenta que a ação é parte de um interesse da Secretaria de Esportes de atender diversas demandas do skate. "Nesse segundo semestre, São Paulo tem recebido várias ações de skate, teve o Tony Hawk, o mundial de park, semana que vem tem a SLS, e outros tantos eventos. A gente quer mostrar que não pensa só em alto rendimento, só em quem é atleta, mas também em quem está na rua, quem pratica atividade física por qualquer motivo, seja por lazer, por recreação. A gente está atento, e ficamos felizes que a história do Anhangabaú deu certo e agora já saímos com outras demandas de construções de pistas em baixo de viadutos. Acho que esse é o processo democrático que o Prefeito vem falando com a gente, de trazer a sociedade civil para resolver as políticas públicas junto com gestores."
Memorial do Vale vai reinventar o centro
Murilo Romão diz que o processo levou em média três meses para sair de uma discussão e ser materializado. "Inicialmente eles iam triturar as pedras do Vale e usar como matéria prima da construção. Depois de uma conversa com eles, vamos usar as pedras originais, tanto na arquibancada, quanto no chão ao redor da pista", comenta. "A gente conseguiu preservar uma parte do Vale do Anhangabaú, independente de ser para skate ou não, a gente está fazendo isso pra todo mundo. A gente tentou salvar o máximo do projeto original. Como ia ser uma pista lá, não ia respeitar as características principais do Vale. Se for como está no projeto, vai ser um pico de rua, a galera vai vir de fora pra filmar e as ilhas viradas uma pra outra dão mais possibilidades. O Anhangabaú vai começar de novo, é um espaço que vai se reinventar."
Um dos responsáveis pelo projeto é o arquiteto e skatista Rafael Murolo. Ele lançou pela prefeitura a Cartilha de espaços skatáveis na cidade, uma orientação para a adequação de espaços públicos abertos à prática de esportes urbanos. Essa cartilha explica a importância de poder usufruir do espaço público, com orientação de fluxo para GSM, e ser uma espécie de autorização para andar de skate em espaços como o Banco Caixa, na Avenida Paulista, a Praça Roosevelt, e o Vale. O PDF está disponível para baixar neste link.
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