Asfalto http://asfalto.blogosfera.uol.com.br Histórias de quem ocupa a cidade e dicas de intervenções urbanas, música, cultura pop e esportes de rua para quem encara o asfalto de São Paulo e busca novas formas de viver a capital Sun, 20 Oct 2019 23:19:41 +0000 pt-BR hourly 1 https://wordpress.org/?v=4.7.2 Cinco novos murais pra conhecer em São Paulo http://asfalto.blogosfera.uol.com.br/2019/10/20/cinco-novos-murais-pra-conhecer-em-sao-paulo/ http://asfalto.blogosfera.uol.com.br/2019/10/20/cinco-novos-murais-pra-conhecer-em-sao-paulo/#respond Sun, 20 Oct 2019 23:18:59 +0000 http://asfalto.blogosfera.uol.com.br/?p=1122 Os últimos meses foram de criatividade intensa nas ruas de São Paulo. Para começar, o #AquárioUrbano do Kleber Pagu e @Flipon começa a ganhar forma no coração do centro. Em 2020, o aquário ilustrado deve se tornar a maior obra de arte a céu aberto do mundo. Mas, com 5 de 15 empenas prontas, já é possível ver a diferença que fez no cenário.

O artista está documentando todo o processo, com depoimentos de moradores e trabalhadores que passam todos os dias pela República em uma série no Instagram. Ele explica que o projeto é um monumento à preservação do planeta, em um momento de alta poluição marinha, o protesto visual vem a calhar.

Em registro do @offlimitsbr de dia, da pra ver algumas das empenas prontas (Reprodução || Instagram)

Foto aérea do @soudroneiro mostra a arte vista de cima (Reprodução || Instagram)

Paralelo ao mural, rola a comemoração de 25 anos de carreira do artista urbano Zezão, famoso por grafitar águas em esgotos, muros, bocas de lobo e mostrar a contrastante realidade das poluição dos grandes rios que cruzam a capital. Para a celebração, ele também ganhou a sua primeira empena no centro, com cerca de 50 metros de altura. 

Empena de Zezão ficando pronta próximo ao Minhocão (foto de Chu Juke)

Uma das artes de Zezão em seu ambiente “tradicional” (Reprodução | @zezaosp)

De junho deste ano, Marcelo Barnero usou o seu “ilusionismo” para sumir com um prédio e transformar a empena de frente para a Igreja da Consolação em natureza.

Arte de Marcelo Barnero ao lado do prédio da Matilha Cultural, na rua Rego Freitas (Reprodução | @mbarnero)

Paulo Cesar Silva, também conhecido como Speto, pintou duas novas empenas no Minhocão. O multiartista e um dos precursores da arte urbana brasileira, começou ilustrando shapes de skate. Hoje, com incontáveis obras espalhadas pela cidade, trouxe mais uma arte de presente para o centro.

Dupla de empenas pintadas pelo grafiteiro Speto, no Minhocão (Reprodução || Instagram)

Detalhe da pintura de Speto em foto de @yanoficial

A segunda edição do 100 Minas na Rua de 2019 (publiquei sobre o projeto ano passado aqui), rolou em agosto e mudou toda a cara da Lapa de Baixo. Neste ano, foram mais de 400 inscritas para participar do evento. Mesmo não sendo vertical, o mural é uma exposição coletiva com obras de diversas artistas, entre elas a de Pri Barbosa que registra mulheres e o feminino em suas obras. 

Arte de Pri Barbosa na Rua das Cem Minas, na Lapa de Baixo (Reprodução | Instagram)

 Viu alguma arte bacana por aí? É só mandar

]]>
0
It’s all about Sesc Jazz: festival reúne 26 artistas até 27 de outubro http://asfalto.blogosfera.uol.com.br/2019/10/11/its-all-about-sesc-jazz-festival-reune-26-artistas-ate-27-de-outubro/ http://asfalto.blogosfera.uol.com.br/2019/10/11/its-all-about-sesc-jazz-festival-reune-26-artistas-ate-27-de-outubro/#respond Sat, 12 Oct 2019 00:54:04 +0000 http://asfalto.blogosfera.uol.com.br/?p=1116

O carioca revelação Jonathan Ferr em pintura de Robinho Santana. Todos as obras mostrando os artistas estão em um grande mural no Sesc Pompeia (Divulgação | SESC)

Falei há um tempo por aqui sobre uma nova fase do jazz nas ruas, especialmente Rio e São Paulo, e um dos músicos expoentes dessa nova cena misturando jazz e hip hop, o pianista Jonathan Ferr (leia mais aqui), único artista do gênero a subir em um palco do Rock in Rio neste ano. Festas como Jazzy, Só Pedrada Musical e Compacto (em São Paulo) e Jazz Out (no Rio) há alguns anos ajudam a criar movimento e conquistar novos adeptos em versões mais democráticas de apresentações, o que já se espalha para lugares não óbvios, como pistas de skate da capital. 

Nesta semana, começaram as apresentações do festival Sesc Jazz, com as primeiras noites esgotadas no Sesc Pompeia e abertura de artistas como Sun Ra Orchestra, Ferr e Kristóf Bacsó Trio. Casa cheia e um público que mostra que o gênero nunca esteve tão em alta unindo diferentes idades, classes sociais e interesses musicais que fogem do rótulo cultural erudito.  

Com a diversidade sonora de 26 grupos de 12 países diferentes, o evento ainda tem programação para mais duas semanas rodando também o interior de São Paulo. Improviso, liberdade e experimentação são algumas das palavras chaves que guiam a curadoria do evento, que conta ainda com Women’s Improvising Group (com musicistas de diversas partes do mundo), The Art Ensemble of Chicago, Gard Nilssen’s Acoustic Unity, John Zorn & New Masada. A pianista capixaba Luísa Mitre, uma das artistas revelações entre os brasileiros, apresenta sua mistura de maracatu e jazz mostrando também a infinidade de improvisações da nova geração. 

Para saber das próximas datas, indicamos ainda o cubano Arturo Sandoval, Gary Bartz e Kamaal Williams, expoente do acid jazz britânico, que toca neste sábado, 11, e domingo, 12.

SESC JAZZ 
De 8 a 27 de outubro
Sescs de toda a grande São Paulo
Ingressos entre R$ 15 (para filiados ao SESC) e R$ R$ 50 (público em geral)
Acesse sescjazz.sescsp.org.br para mais informações

 

]]>
0
Sopa de Letras celebra dez anos de graffiti oldschool na Zona Norte http://asfalto.blogosfera.uol.com.br/2019/09/25/sopa-de-letras-celebra-dez-anos-de-graffiti-anos-90-na-zona-norte/ http://asfalto.blogosfera.uol.com.br/2019/09/25/sopa-de-letras-celebra-dez-anos-de-graffiti-anos-90-na-zona-norte/#respond Wed, 25 Sep 2019 22:55:30 +0000 http://asfalto.blogosfera.uol.com.br/?p=1105

Foto da lenda da fotografia de graffiti, Martha Cooper, durante passagem pela praça

Evento realizado pela ZN Lovers Crew, coletivo de artistas de rua de Santana, o projeto Sopa de Letras existe há dez anos para celebrar a comunidade artística na Zona Norte que preza pelo graffiti feito no fim dos anos 90 e os estilos conhecidos como “Ratolândia” ou “Sopa de Letrinhas”. Todos os anos eles pintam os graffitis da Praça Margarida de Abulquerque Menezes e refazem as artes com uma grande festa da cultura hip hop.  

Durante os dois dias de encontro, que acontecem neste sábado e domingo, o evento receberá oficinas de stickers, som dos DJs Caique TrêsFs, Julio Cesar Martins, Rasec, Luiz Egidio, Nicacio, Mariana Mats, R3brkz e SubVertentes High Sound. Com a proposta de promover a revitalização de espaços urbanos abandonados retratando um movimento cultural local, esta edição terá como homenageado o artista ISE (Ise Vlok). Ele e cerca de 80 grafiteiros vão fazer um live painting do mural da praça.

Praça totalmente coberta de graffiti (Madeira | Photo)

Sopa de Letras
Data: 28 e 29 DE SETEMBRO (Sábado e Domingo)
Horário: 10:00 às 20:00
Onde: Praça Margarida de Abulquerque Menezes
Evento no Facebook

]]>
0
Vitória da rua: nova pista no Anhangabaú será criada junto com skatistas http://asfalto.blogosfera.uol.com.br/2019/09/16/vitoria-da-rua-nova-pista-do-anhangabau-sera-criada-junto-com-skatistas/ http://asfalto.blogosfera.uol.com.br/2019/09/16/vitoria-da-rua-nova-pista-do-anhangabau-sera-criada-junto-com-skatistas/#respond Tue, 17 Sep 2019 00:07:01 +0000 http://asfalto.blogosfera.uol.com.br/?p=1058

Vale do Anhangabaú antes da obra (Foto por @alexbrandao)

Mais do que um esporte, o skate é uma forma de viver a cidade, de criar novas experiências em espaços ociosos e reinterpretar o espaço público. O início do projeto de revitalização do Vale do Anhangabaú, em junho deste ano, reacendeu essa discussão, em meio a grandes exposições midiáticas do skate em mundiais realizados no Brasil e a força do skate BR nas Olimpíadas. Qual a importância do skate de rua para que esses grandes eventos aconteçam? E como manter espaços urbanos históricos para a cena que ajuda a fomentar toda essa cultura (e indústria)?

A resposta pode estar no #SalveoVale: após as manifestações dos skatistas na Prefeitura (falamos mais sobre isso nessa matéria), os skatistas Marcelo Formiga, Murilo Romão, Klaus Bohms, Fernando Granja, Ricardo Kalil, Gian Naccarato, foram alguns dos que conseguiram espalhar a discussão a ponto de chamar a atenção do Prefeito Bruno Covas. A arquibancada projetada (e premiada) da arquiteta e paisagista Rosa Kliass, principal ponto de skate no centro há pelos menos três décadas, será reaproveitada, uma forma de criar um memorial e um espaço skatável que realmente atenda a comunidade.

Projeto deve ser entregue em junho de 2020

Planta da nova pista do Anhangabaú, espaço será Memorial do Vale antigo

Na última semana, Covas se encontrou com os skatistas, a Secretaria de Desenvolvimento Urbano, a SP Urbanismo e a CBSK para a aprovação do projeto, que reproduzirá parte da estrutura, com seu mármore original, providencial para quem não perde uma borda. E também vai ampliá-lo, trazendo novas oportunidades de manobras. De acordo com Fernando Chucre, Secretário da SDU, a conversa foi positiva. “Nós aprovamos o projeto, fizemos uma entrega formal com o prefeito presente. A obra já começou, mas a pista não vai ser entregue antes da finalização do novo parque, a previsão de entrega é para o meio de 2020.”

Thiago Lobo, da Secretaria de Esportes, diz que a prefeitura tem buscado participação popular em projetos de esportes urbanos. “Quando [os skatistas] fizeram esse manifesto do Anhangabaú, eu os procurei para entender o que queriam, aí veio a demanda deles que era manter parte do desenho original, especialmente manter as pedras”, explica. “De imediato, o prefeito disse que a gente ia conversar pra ver o que era possível, os outros órgãos entraram, o Chucre de imediato acatou e disse que desenharia um espaço que os contemplassem e o desenho foi feito a quatro mãos, com skatistas locais e os agentes da prefeitura. Aí não tem jeito… A chance de dar errado, pra não dizer que é zero, é quase zero.”

Skatistas protestaram no Vale e em frente à prefeitura de São Paulo (Foto por @marcelomug)

Lobo ainda comenta que a ação é parte de um interesse da Secretaria de Esportes de atender diversas demandas do skate. “Nesse segundo semestre, São Paulo tem recebido várias ações de skate, teve o Tony Hawk, o mundial de park, semana que vem tem a SLS, e outros tantos eventos. A gente quer mostrar que não pensa só em alto rendimento, só em quem é atleta, mas também em quem está na rua, quem pratica atividade física por qualquer motivo, seja por lazer, por recreação. A gente está atento, e ficamos felizes que a história do Anhangabaú deu certo e agora já saímos com outras demandas de construções de pistas em baixo de viadutos. Acho que esse é o processo democrático que o Prefeito vem falando com a gente, de trazer a sociedade civil para resolver as políticas públicas junto com gestores.”  

Memorial do Vale vai reinventar o centro

Murilo Romão diz que o processo levou em média três meses para sair de uma discussão e ser materializado. “Inicialmente eles iam triturar as pedras do Vale e usar como matéria prima da construção. Depois de uma conversa com eles, vamos usar as pedras originais, tanto na arquibancada, quanto no chão ao redor da pista”, comenta. “A gente conseguiu preservar uma parte do Vale do Anhangabaú, independente de ser para skate ou não, a gente está fazendo isso pra todo mundo. A gente tentou salvar o máximo do projeto original. Como ia ser uma pista lá, não ia respeitar as características principais do Vale. Se for como está no projeto, vai ser um pico de rua, a galera vai vir de fora pra filmar e as ilhas viradas uma pra outra dão mais possibilidades. O Anhangabaú vai começar de novo, é um espaço que vai se reinventar.”

As pedras do Vale do Anhangabaú serão reutilizadas para a construção do novo projeto (Foto por @marcelomug)

Um dos responsáveis pelo projeto é o arquiteto e skatista Rafael Murolo. Ele lançou pela prefeitura a Cartilha de espaços skatáveis na cidade, uma orientação para a adequação de espaços públicos abertos à prática de esportes urbanos. Essa cartilha explica a importância de poder usufruir do espaço público, com orientação de fluxo para GSM, e ser uma espécie de autorização para andar de skate em espaços como o Banco Caixa, na Avenida Paulista, a Praça Roosevelt, e o Vale. O PDF está disponível para baixar neste link.

]]>
0
Pinheiros ganha mural com 400 rostos e mostra a força de sua comunidade http://asfalto.blogosfera.uol.com.br/2019/09/09/pinheiros-ganha-mural-com-400-rostos-e-mostra-a-forca-de-sua-comunidade/ http://asfalto.blogosfera.uol.com.br/2019/09/09/pinheiros-ganha-mural-com-400-rostos-e-mostra-a-forca-de-sua-comunidade/#respond Mon, 09 Sep 2019 19:47:28 +0000 http://asfalto.blogosfera.uol.com.br/?p=1060

Guilherme Kramer em frente ao mural (@guilhermekramer)

Pinheiros centraliza as contradições de São Paulo. Com o sol a pino, a correria de quem está cruzando a cidade imerso em sua própria necessidade de sobrevivência. Quando a lua chega, a comunhão boêmia que enche os bares de risadas altas, cerveja gelada, forró e hip hop, sem distinção de classe social. De segunda a sexta, mistura moradores e comerciantes antigos, feirantes, botecos fuleiros, adolescentes em patinetes elétricos e executivos de terno e gravata. Aos finais de semana, ferve cultura com ocupações, eventos e pessoas na rua.

Inspirado por caminhadas pela cidade, pessoas e histórias reais, o artista visual Guilherme Kramer cria um espelho cultural do que encontra nas ruas em sua arte nos muros. Neste final de semana, ele encerrou um mural de cerca de 8 metros de altura atrás do Largo da Batata, na rua Fernão Dias, o novo centro boêmio da região com retratos de cerca de 400 personas, reais e imaginárias, um retrato fiel da força da comunidade na região.

“Busco cartografias faciais, características individuais pra construir essas grandes multidões”, explica em entrevista ao Asfalto. “A inspiração vem de muita coisa, da própria arquitetura caótica, os pisos fragmentados. A construção das pessoas e desses personagens são mixadas com muitas coisas.”

Desbravar a cidade para criar outras realidades

O olhar de Kramer sobre os moradores e comerciantes de Pinheiros (foto @Kramer)

O convite surgiu com o lançamento de um empreendimento na região no que antes era um terreno ocioso de frente para a Guaicus. “Meu trabalho tem uma característica forte de alteridade, de respeito ao próximo. Estou sempre dialogando. Você se ver no outro é algo muito importante numa cidade tão grande como São Paulo.”

O mural que já é um ponto de referência na região reúne também alguns dos personagens que Kramer encontrou enquanto estava pintando. Para o artista, que já chega aos milhares de rostos pintados pela cidade, acredita no poder de revitalização da arte. “O grafite tem um valor muito grande em espaços marginalizados. Revitalização é um fato muito real, estava pintando um buraco entre a Doutor Arnaldo e a Paulista, e fiz um mural grande ali dentro. Estava pintando junto com moradores em situação de rua, usuários de crack. Pintando com branco, mostrando seus rostos, eles ficaram muito felizes, ficaram realizados. No final você muda a energia.”

Para ele, o grafite já é parte da cultura de São Paulo, favorecido por sua arquitetura. “A forma que a cidade foi construída, muros extensos, altos, prédios voltando as costas pras ruas, falta de iluminação. É uma cidade muito bruta e os artistas urbanos, incluindo os pixadores, usam esses espaços como grandes telas para demarcar, deixar a rua mais bonita, com mais interação com os transeuntes. Hoje, a população abraçou essa ideia de que as coisas podem ser mais suaves, cada mural é um portal que te leva para outra imaginário da cidade.”

Juliana, companheira de Guilherme, e sua filha, Nara, veem a amplitude do trabalho final (foto: Guilherme Kramer)

Caminhar é cura

Caminhar pela cidade é a principal forma do artista enxergar de perto suas nuances e possibilidades. “Eu me curo caminhando por São Paulo, quando fico confuso, o caminhar me coloca numa linha de pensamento. Fazer grandes travessias urbanas, chegar num novo espaço e ter um olhar inaugural de tudo. Adoro essa sensação de você voltar a um espaço na cidade e ele já não ser mais o mesmo. Você estar a primeira vez em um espaço urbano te dá uma vivacidade muito grande e uma vivência muito boa da cidade.”

Kramer não é bairrista, então usa suas próprias vivências morando em diversos cantos da capital para entender esse grande mosaico cultural que ela tem se tornado. “Eu mantenho a caminhada para manter essas novas impressões, um frescor da realidade desses espaços. Vou criando outros pontos de referência e expandindo minha consciência.”

O olhar de Kramer sobre os moradores e comerciantes de Pinheiros (foto @Kramer)

O olhar de Kramer sobre os moradores e comerciantes de Pinheiros (foto @Kramer)

O olhar de Kramer sobre os moradores e comerciantes de Pinheiros (foto @Kramer)

]]>
0
Mundial de skate street, SLS 2019 abre venda de ingressos para São Paulo http://asfalto.blogosfera.uol.com.br/2019/08/26/mundial-de-skate-street-sls-2019-abre-venda-de-ingressos-para-sao-paulo/ http://asfalto.blogosfera.uol.com.br/2019/08/26/mundial-de-skate-street-sls-2019-abre-venda-de-ingressos-para-sao-paulo/#respond Tue, 27 Aug 2019 02:48:47 +0000 http://asfalto.blogosfera.uol.com.br/?p=1055

Pamela Rosa, uma das principais skatistas do Brasil manda um FS Nosegrind na borda (Fotógrafo Julio Deteflon/ Instagram)

Através de suas redes sociais, a Street League Skateboarding emitiu uma nota oficial nesta semana informando que a final do mundial de street foi realocada para a cidade de São Paulo, pelo segundo ano consecutivo no Brasil. O evento que estava inicialmente programado para acontecer na Cidade do México foi cancelado.

O campeonato acontece em setembro, entre os dias 18 e 22, no Pavilhão de Exposições do Anhembi, trazendo as maiores estrelas do skate street para São Paulo. A primeira vez do campeonato no Brasil aconteceu no ano passado, na Arena Carioca, Rio de Janeiro. Na ocasião, skatistas brasileiros como Letícia Bufoni, Rayssa Leal, Pamela Rosa, Felipe Gustavo e Ivan Monteiro mostraram que o Brasil está pronto para torcer pelo skate com a mesma paixão que torce pelo futebol, leia a cobertura completa que rolou aqui no Asfalto.

Para quem perdeu, vale relembrar a final completa no Youtube da SLS.

Street League Skateboarding
Quando: 19 a 22 de setembro, a partir das 13h
Onde: Pavilhão de Exposições do Anhembi (Avenida Olavo Fontoura, 1209 Portão 1 – Santana – São Paulo)
Ingressos: R$ 50 (diária), R$ 110 (passaporte completo), R$ 80 (final) no Eventim
Classificação: menos de doze anos devem estar acompanhados dos pais

]]>
0
Exposição “Visão Concreta” mostra a trajetória do skate BR desde os anos 70 http://asfalto.blogosfera.uol.com.br/2019/08/22/exposicao-visao-concreta-mostra-a-trajetoria-do-skate-br-desde-os-anos-70/ http://asfalto.blogosfera.uol.com.br/2019/08/22/exposicao-visao-concreta-mostra-a-trajetoria-do-skate-br-desde-os-anos-70/#respond Fri, 23 Aug 2019 00:55:20 +0000 http://asfalto.blogosfera.uol.com.br/?p=1042

Chorão em registro de Shin Shikuma é um dos clássicos de Santos expostos na Matilha Cultural

Com curadoria de Fabio Bitão, a exposição “Visão Concreta” reúne imagens históricas do início da cultura skateboard no Brasil. A linha do tempo começa nos anos 70 e reúne mais de 60 fotografias nas paredes da Matilha Cultural, um mural histórico que faz jus aos maiores fotógrafos e momentos da cena no Brasil.

Entre os convidados estão Cesinha Chaves (ex-Realce da TV Record, ex-SporTV), Fábio Bolota (Revista Tribo) e Shin Shikuma que leva trabalhos inéditos representando as décadas de 70 e 80, inclusive fotos das primeiras sessões do Chorão (Charlie Brown Jr.). Para representar os anos 90, Ivan Shupikov (Lá Em Casa), Bitão, Flávio Samelo (Pela Rua do Canal OFF, Revista Vista) e os recentes anos 2000 pelas lentes de Allan Carvalho (Cemporcentoskate), Heverton Ribeiro (Cold Skateboard), Pablo Vaz e Caetano Oliveira (ex-Black Media).

Registro de Fábio Bitão em São Paulo, nos anos 70

A exposição fica aberta até 14 de setembro e terá visitas guiadas pelos fotógrafos, workshops, shows e exibição de documentários no Cine Matilha. “Re:Board – Um resgate histórico da Skate Arte brasileira”, dirigido por Sesper (vocalista do Garage Fuzz), terá duas sessões. A galeria ainda exibe os vídeos de Murilo Romão e o projeto Flanantes, além de oficina de shape reciclado com a Experimental Skate Art.

Ricardo Dexter, mandando um wallride e representando os anos 2000, em foto de Pablo Vaz

Bitão (Skate no Quintal, atualmente no Canal OFF) já expôs suas sessões fotográficas em galerias por todo o Brasil, além de Los Angeles, São Francisco e Tóquio. Para a exposição, também convidou artistas plásticos que apresentam obras específicas sobre o movimento: Tinho (grafiteiro), Felipe Motta (designer de shapes) e Silvana Mello, que faz bordados com referências à cultura. Para o encerramento, uma série de obstáculos vão ser instalados no meio da galeria com premiação de best trick.

Considerando que o skate chega a um de seus maiores momentos no Brasil em 2019, a exposição é um resgate histórico para conhecer em profundidade e conversar com a galera que viveu os altos e baixos da cena e seu início em São Paulo. Busquem conhecimento.

Programação Completa

24 de agosto, às 15h || Bitão e Flávio Samelo fazem visita guiada pela exposição

31 de agosto, às 15h || Oficina de shape reciclado da Experimental Skate Art

7 de setembro, às 15h || Disputa de melhor manobra ‘Cash for Trick’ em um obstáculo instalado no local.

Cine Matilha

14 e 17 de agosto, às 16h, 17h || Exibição de “Flanantes”, projeto independentes do skatista Murilo Romão

21 e 24 de agosto,  às 16h, 17h || Exibição de vídeos clássicos do skate

28 e 31 de agosto, às 16h, 17h || “Re:Board – Um resgate histórico da Skate Arte brasileira”

Serviço

“Visão Concreta” ocupa Matilha Cultural
Onde: Rua Rego Freitas, 542 – República, São Paulo, SP
Quando: Até 14 de setembro
Horários: ter. a sab. das 12h às 22h; dom. das 10h às 20h
Entrada Colaborativa

 

]]>
0
São Paulo se despede de grafite da resistência trans no Minhocão http://asfalto.blogosfera.uol.com.br/2019/08/17/sao-paulo-se-despede-de-graffiti-da-resistencia-trans-no-minhocao/ http://asfalto.blogosfera.uol.com.br/2019/08/17/sao-paulo-se-despede-de-graffiti-da-resistencia-trans-no-minhocao/#respond Sat, 17 Aug 2019 21:11:05 +0000 http://asfalto.blogosfera.uol.com.br/?p=1031

Detalhe do mural que por dois anos coloriu a empena do Minhocão foi feito por Patrick Rigon e Renan Santos (Foto de Gustavo Bonfiglioli, da Pajubá)

O Edíficio Lang, na Santa Cecília, amanheceu menos colorido neste final de semana. O mural feito pela Absolut em setembro de 2017, que retratava as cantoras Linn da Quebrada e Raquel Virgínia + Assucena Assucena (As Bahias e a Cozinha Mineira) com a frase “A Arte Resiste” começou a ser apagado. A inauguração do mural gerou uma série de ações na Casa1, workshops sobre gênero e representatividade, rodas de discussão e financiamento do videoclipe das artistas que hoje já ultrapassa a marca de três milhões de visualizações.

Mural sendo apagado na tarde deste sábado, 17 (foto de Leticia Souki @lesouki)

O mural ficou tempo o suficiente para criar uma relação afetiva com os moradores do centro e a cena LGBTQIA+, mas já tinha data para acabar. “Foram 2 anos de contrato com o prédio, financiados pela Absolut. Aluguel de concessão de espaço na região do Minhocão às vezes é alto e fica difícil manter”, explicou a Mari, do Instagrafite. “A marca resolveu concluir o projeto e encerramos o contrato com o prédio que preferiu ter a empena da cor original conforme acordo”, completa.

Em suas redes sociais, os artistas Patrick Rigon e Renan Santos comentaram a despedida. “Hoje nos despedimos desse muralzão, tão simbólico, lindo e forte, que tive o prazer de pintar no centro de São Paulo com o Renan. Símbolo de luta e resistência que ficará na memória. Esses são os ciclos da arte urbana, tudo morre para nascer novamente, outros virão”, escreveu Rigon. “Hoje a cidade ficou um pouco mais cinza. Projeto lindo que tenho muito orgulho de ter participado e que vai deixar muitas saudades”, disse Renan.

Foto de Gustavo Bonfliglioli da Pajubá, que também participou da concepção do projeto em 2017

Mari concorda com os artistas e diz que este é o ciclo normal da arte de rua. “Estamos tristes, mas faz parte da produção dos murais, como os prédios são particulares, eles têm o poder de decidir após encerramento do acordo. Artistas foram avisados previamente e sabiam de tudo com antecedência. Todos estamos saudosos, mas compreensivos. Logo logo trazemos outro marco para cidade abraçando temáticas que são de identificação da população.”

]]>
0
Skate punk is not dead: Black Rainbows celebra oldschool e DIY na rua http://asfalto.blogosfera.uol.com.br/2019/08/15/skate-punk-is-not-dead-black-rainbows-celebra-oldschool-e-diy-na-rua/ http://asfalto.blogosfera.uol.com.br/2019/08/15/skate-punk-is-not-dead-black-rainbows-celebra-oldschool-e-diy-na-rua/#respond Thu, 15 Aug 2019 18:59:02 +0000 http://asfalto.blogosfera.uol.com.br/?p=1016

Suicidal Tendencies mostrou que não é só uma banda, é uma religião (Ashley Osborn || Divulgação)

Falei aqui recentemente sobre a origem de Dogtown, o berço da cultura punk e skateboard na Califórnia. Há algumas entrevistas em eventos durante o ano, skatistas têm me comentado sobre a falta de contexto histórico para as novas gerações, que estão cada vez mais inseridas na ideia de competição e do tratamento do skate como esporte, que veio um pouco com o hype midiático que as Olimpíadas trouxeram esse ano.

Uma das fotos raras dos Z Boys em Santa Monica, exposta no evento “Black Rainbows”, da Vans (Bruno Paoli || Asfalto)

A Vans me convidou para consultar os oráculos do skate oldschool e adentrar esse universo no evento Black Rainbows, em Venice, que na prática significa quando a rodinha do skate risca a parede rabiscando um arco-íris preto. O time para falar sobre o assunto não poderia ser mais adequado: Tony Alva, Henry Rollins (ex-Black Flag), show do Suicidal Tendencies, banda X, todos veteranos com pelo menos 40 anos de cena.

Morte de Jay Adams e o skate como lifestyle

Jay Adams, uma do asfalto, usando o Era, primeiro tênis de skate da história com design de Tony Alva e Stacey Peralta (Fotógrafo desconhecido)

Há exatamente cinco anos, a morte do skatista Jay Adams, um dos ZBoys, e o que mais colaborou para que o skate se tornasse um lifestyle, deixou um vácuo muito grande na estrutura da cultura. Algo que podemos comparar à morte do Chorão no Brasil. Ele era um cara que ia contra o sistema, era agressivo e expressava sua indignação com a vida pobre, o subemprego da mãe, quando subia no board. Ele negou patrocínios e encontrou no punk uma cultura marginal que o ensinou a fazer qualquer coisa mesmo sem recursos. Ainda assim, Adams era ativo e respeitado na comunidade, usou a sua fama local para ajudar a construir pistas, conversar com jovens em situação de risco e escrever sobre o que achava essencial na mídia independente. Todo ano é feito um memorial a ele na cidade.

No evento, que relembrou todo o início da trajetória do skate, Alva fez questão de relembrar o amigo como parte essencial dessa história. “Ele tinha uma energia espontânea, incontrolável, um estilo diferente de fazer as coisas. Jay era um cara transgressor, fazia coisas inimagináveis. Ele olhava para qualquer coisa na rua e tinha uma ideia para manobrar ali, era inacreditável”. Para acompanhar melhor essa história, recomentamos o documentário, “Legend Award: Jay Adams“, em que Tony Hawk também comenta sobre o skatista. “Ele pensava muito na atitude, não se importava com o que iam pensar, faça porque é divertido, apenas divirta-se e não se preocupe sobre o sucesso ou a consequência dele.”

Faça você mesmo é o coração da cultura do skate

Black Rainbows celebrou a cultura faça você mesmo com a exposição de flyers de bandas de Punk Rock dos anos 70 (Bruno Paoli || Asfalto)

No início, a cultura punk e o skate sempre andaram juntos. Muito porque nos anos 70, tanto no Brasil, quanto na Califórnia, ainda não existiam pistas, a economia estava quebrada, muitos jovens à margem e o que manteve a cultura viva foi o improviso. Eles improvisavam flyers (início da cultura de zines, muito forte no Brasil atualmente), improvisavam shows, skates e no jeito de viver. Era basicamente sobrevivência.

Em um painel sobre a relação da cultura punk com o skate, Rollins foi enfático ao dizer que mesmo longe dos palcos com o Black Flag, essa energia é o que mantém vivo. “Você tem que manter essa energia, manter a roda girando para as pessoas ao redor de você. Eu tenho 58 anos e ainda preciso disso para continuar seguindo, nunca ser menos do que criativo, de buscar coisas boas. Se divirtam, tenham uma banda, vá a shows, vá a exposições, viu algum evento interessante, vá. E nós nos encontramos lá, somos uma alternativa ao que encontramos por aí, não queremos mortes em quartos decadentes, excesso de drogas e ódio, nós somos a alternativa a tudo isso. Quanto mais velho fico, mais isso se torna meu combustível.”

O underground e a cultura do faça você mesmo está mais viva do que nunca (Bruno Paoli || Asfalto)

Para Rollins, a cultura underground, assim como o skateboard deve ser um contraponto ao racismo, a homofobia e a discriminação social. “Nós temos que ser uma alternativa ao que está lá fora, não podemos admitir tiroteios, perder uma oportunidade de trabalho porque é mulher. Nós temos que ser mais inclusivos, menos críticos e manter o punk rock com essa energia inclusiva que temos fomentado há décadas”, comenta.

Em um momento que a cultura urbana encontra seu auge comercial e cada vez mais ganha a atenção do mainstream, é sempre importante lembrar de onde tudo isso veio: de um ambiente periférico, renegado, transgressor, de meninos e meninas de cabelo sujo, tênis rasgado e com vontade de fazer acontecer independente das circunstâncias. Deixamos aqui nosso “Ride in peace, Jay Boy”, mas o seu legado está mais vivo do que nunca.

]]>
0
72 horas em Dogtown, o berço do skate na Califórnia http://asfalto.blogosfera.uol.com.br/2019/08/13/72-horas-de-skate-em-dogtown-o-berco-do-skate/ http://asfalto.blogosfera.uol.com.br/2019/08/13/72-horas-de-skate-em-dogtown-o-berco-do-skate/#respond Tue, 13 Aug 2019 22:11:07 +0000 http://asfalto.blogosfera.uol.com.br/?p=988

Skatista nas ruas da Ocean Side, em Venice (Sté Reis || Asfalto)

Na última semana, o Asfalto fez a sua primeira viagem à Venice, no coração de Los Angeles, em busca de respostas sobre o berço da cultura de skate californiana. Uma cidade que era uma favela à beira-mar e que se tornou a principal referência de cultura de rua no mundo.

Entre conversas com skatistas pioneiros, entusiastas e jornalistas locais, fizemos um roteiro com os principais pontos para quem for viajar em busca dos melhores picos e fazer um roteiro histórico por Dogtown, uma pequena vizinhança de um pouco mais de 1.4KM retratada no filme “The Lords of Dogtown”, lançado nos anos 2000, e que mostra o surgimento dos Z-Boys, a crew de skate que deu origem à uma cultura mundial.

Hoje, considerada uma cidade muito liberal por causa de suas leis mais frouxas de migração, consumo de maconha e da herança da contracultura hippie do fim dos anos 60, Venice é uma cidade gentrificada pelo skate, sua principal contradição. Levando em consideração que nos anos 70 era um lugar abandonado, com tretas de gangues, traficantes e jovens à margem que sofriam os efeitos do pós-Guerra do Vietnã, ver apartamentos no mesmo local custando até US$ 1 milhão, mostra o impacto que o skate teve na economia de Santa Mônica.

O que é Dogtown

Imagem de um dos skates criados por Jim Muir na década de 70 (Bruno Paoli || Asfalto)

Dogtown é uma referência a uma piscina que foi esvaziada durante uma seca nos 70, quando os skatistas começaram a desbravar os bowls. A piscina de Dino, skatista com câncer terminal, foi batizada de Dog Bowl por Jay Adams, Stacey Peralta e Tony Alva, o time principal do Zephyr, por causa da quantidade de cachorros que circulavam por lá.

“Dois séculos de tecnologia norte-americana criaram um grande playground de concreto com potencial ilimitado. Mas, foi a mente de crianças de 11 anos que puderam enxergar seu potencial”, descreve Craig Stecyk, em 75, um dos Z-Boys. “Nós criamos uma revolução”, diz Tony Alva no evento Black Rainbows, da Vans, que celebrou o lançamento do primeiro tênis de skate da história, o Era. Tony, Peggy Oki (primeira skatista pró e primeira a ganhar um campeonato entre os Z) e Jeff Ho, o pai da crew, falaram sobre o início dessa cultura.

Tony Alva, um dos skatistas pioneiros de Los Angeles, na orla de Venice em foto para o Vans Black Rainbows (Celina Kenyon || @CelinaKenyon)

“Essa vizinhança tinha um sabor urbano”, explica Tony. “A gente tinha esse cárater urbano que se diferenciava das outras praias na Califórnia. Eu tentava me encontrar no surf e começaram a chegar vários caras nessa mesma busca. Eu dava esse espaço para os garotos e criava um ambiente seguro para se expressar, eles faziam isso no surf e depois no skate. Nossa crew de skate virou o time de competição do Zephyr. A gente andava de jeans rasgados, meias de cano alto, Vans e a camiseta azul do Zephyr, isso criou um estética.”

Tony Alva Backside 50-50 Grind (Celina Kenyon || @CelinaKenyon)

Pier de Santa Mônica

Vista do Pier de Santa Monica, dá pra ir remando de Venice até lá em média em 30 minutos (Bruno Paoli || Asfalto)

O pier de Santa Mônica foi onde o surf começou a deslanchar como cultura nos início dos anos 70. Eles eram extremamente bairristas e hostilizavam qualquer estrangeiro, mesmo da Califórnia, o que deu muita briga quando descobriram que esse era o melhor point de surf da Costa Oeste. É deles o termo “Locals Only”, que era pixado nos muros de Santa Mônica para espantar surfistas de outras cidades.

Roda gigante do Santa Mônica Pier, uma das grandes atrações turísticas (Bruno Paoli || Asfalto)

Uma praia com ondas regulares e que lançou grandes surfistas, considerada um pico exclusivo dos locais, mas só tinha onda até 10h da manhã. Por isso, eles começaram a adaptar pranchas em tábuas de madeira com rodas de patins e levaram o surf pro asfalto, o início de uma comunidade que compartilhava gostos em comum. É um ponto importante do roteiro, com várias referências na cultura pop, e com o Santa Mônica Pier, que abriga um parque de diversões com várias opções de diversão e comida.

Graffiti Walls

A praia era um antigo parque, então abriga diversos espaços destinados ao grafite (Bruno Paoli || Asfalto)

Se você quer fazer um roteiro pela cidade, vai encontrar na rua suas principais tradições. Lojas como a Zephyr Store, onde Jeff fabricava pranchas de surf e shapes, não resistiram as mudanças, ainda que continue vendendo skates oldschool.

A maior quantidade de grafites da região está em Venice. No centro da cidade e lugares mais comerciais, pixar é inclusive proibido. Mas, na orla de Venice e nos becos até Santa Mônica, os principais grafites fazem referência aos ZBoys, a cultura do skate e seus principais expoentes. As tags ainda são mais próximas do grafite oldschool, criado na época por gangues, punks e imigrantes latinos.

Os grafites da cidade são dedicados principalmente a cultura de rua local. A bandana azul faz referência a uma crew de mexicanos de Venice (Bruno Paoli || Asfalto)

É interessante dizer que esses grafites foram a principal inspiração de Jeff Ho para criar uma identidade autêntica para o skate, mais inspirada na rua e menos nas cores da natureza que faziam parte da ilustração das suas pranchas de surf. Isso deu início a toda uma cultura de customização e de design específico para o skate.

Mural mostra diferentes designs clássicos de shapes da época (Bruno Paoli || Asfalto)

“Graffiti Wall and Tower”, obra construída ao lado da pista de skate de Venice (Bruno Paoli || Asfalto)

Juice Magazine

O escritório da Juice é uma verdade memorabília do nascimento do skate e da cultura punk (Bruno Paoli || Asfalto)

Encontramos o escritório da Juice na orla de Venice e é uma parada obrigatória para quem quiser ouvir histórias da época. Lá é a casa de Terri Craft, que se mantém onde morava, e foi a primeira jornalista a imprimir zines sobre skate nos anos 80. Ela nos recebeu com muito carinho e compartilhou histórias e desafios da comunidade. Sua casa tem obras originais de Shepard Fairey, fotos originais de shows de bandas como Black Flag, Fugazi e um grande acervo da tradição do skate punk. Além de fotos e memoriais a Jay Adams, um dos editores da revista e um dos três principais ZBoys, que morreu em 2014, surfando, aos 53.

Alguns shapes feitos por artistas de diversas partes do mundo decoram o escritório da Juice (Bruno Paoli || Asfalto)

Venice Beach

Venice Skate Park no final da tarde (Bruno Paoli || Asfalto)

A principal atração para skatistas na região é a Skatepark que fica no centro da praia. “Demoramos mais de 30 anos para conseguir construir aquela pista”, explica Terri. “Nos reunimos e fizemos diversos pedidos ao governo para que considerassem nosso projeto ao invés de fazer um paisagismo na praça em que os skatistas andavam e que seria destruída. Conseguimos tirar jovens da rua e da marginalidade dando a eles o pertencimento a uma comunidade”. A pista é uma das principais atrações da praia, reunindo centenas de skatistas diariamente. Mas, é na rua em que tudo acontece, então bancos, gaps, bordas e obstáculos são ótimas opções para quem é apaixonado pelas fortes emoções do skate street.

Skatepark de Venice fica aberto até às 22h da noite (Bruno Paoli || Asfalto)

Dicas gerais

– é possível levar o skate sem despachar, mas é importante considerar uma skate bag. Na volta, a taxa da alfândega vai ser proporcional a quantidade, mas é tranquilo se você montar um skate lá e trazer pro Brasil
– a cultura canábica é um ponto forte na região, mas não permitida a turistas. A venda de maconha na Califórnia somente é feita com prescrição
– por mais que seja atraente, não é permitido beber na praia. A multa é tão salgada quando a água do mar
– a orla conta com diversas opções de lojas de skate, como a Maui Skateshop, uma das mais tradicionais
– andar na rua é muito comum e os pedestres costumam pedir manobras, dar passagem e tratar skatistas como heróis. Mas, não recomendamos que desrespeitem as leis de tráfego
– fique atento e use a criatividade: existe um boulevard específico para manobras de street na Skatepark, opções de borda infinita em Santa Mônica, escadarias e espaços que se assemelham a uma versão melhorada de picos paulistanos como a Roosevelt. Have fun!

 

]]>
0