Os melhores momentos da primeira vez da Street League Skateboarding no Rio
Sté Reis
17/01/2019 19h51
No último final de semana, a Arena Carioca no Rio de Janeiro recebeu a final da Street League Skateboarding, a Copa do Mundo do skate na modalidade street, pela primeira vez no Brasil. Entre os competidores, estiveram as maiores estrelas do skate mundial, Nyjah Huston, Luan de Oliveira, Letícia Bufoni, Tom Asta, Shane O'Neill, Lacey Baker, Sean Alto e Tiago Lemos, só pra citar alguns.
A brasileira Letícia Bufoni ficou em segundo lugar na competição (Fotógrafo Paulo Macedo/ Instagram)
O Asfalto acompanhou de perto e o evento conseguiu ver que o público brasileiro está pronto para entender esse formato da competição e acompanhar o skate, um dos quatro esportes recém adicionados às Olimpíadas, e torcer da mesma forma que já torceram para o vôlei ou o futebol, em Tóquio 2020.
Todas as baterias incluíram skatistas brasileiros, sendo que no pódio dos campeões tivemos Kelvin Hoefler em segundo lugar no masculino, perdendo pro Nyjah, que hoje é um rockstar nos Estados Unidos. Em terceiro, rolou a emocionante e surpreendente vitória do brasiliense Felipe Gustavo, ultrapassando nomes já consagrados na cena, como Chris Joslin e o americano em ascensão Mark Suciu. Na categoria feminina, Letícia Bufoni levou o segundo lugar, perdendo por apenas 0.1 ponto para a japonesa Aori Nishimura.
Felipe Gustavo manda um Big Spin BS Tail Slide (Fotógrafo Paulo Macedo/ Instagram)
Brasileiros entre os melhores do mundo
Pamela Rosa, uma das principais skatistas do Brasil manda um FS Nosegrind na borda (Fotógrafo Julio Deteflon/ Instagram)
Mas, nem só de final é feita a Street League e o sábado de classificatórias foi emocionante para quem acompanha o skate nacional, revelando que o próximo ano deve projetar prós com muito talento para o mundo.
Na bateria feminina, além de Letícia, três brasileiras foram classificadas para a final: Pamela Rosa, que é perfeccionista na execução das manobras, com análise estratégica da pista e dos obstáculos. Virgínia Fortes e Karen Feitosa, que também foram grandes destaques do feminino, mostrando que a evolução técnica das minas nos últimos tempos é de altíssimo nível. Rayssa Leal, de apenas 11 anos (a fadinha do skate), apesar de não ter se classificado para a final, deixou todo mundo de boca aberta com a ousadia e maturidade pra competição, nenhum obstáculo é alto o bastante pra ela. O desempenho da fadinha na SLS garantiu a ela, oficialmente, o patrocínio da Nike SB, uma das marcas mais cobiçadas na cena.
No masculino, além de Kelvin e Felipe Gustavo, Ivan Monteiro também estava entre os favoritos até cair de uma manobra no corrimão e quebrar os dentes da frente, saiu na maca, mas recebeu visitas dos outros competidores e está em tratamento para voltar às pistas.
O espetáculo também foi garantido por nomes como Lacey Baker e seu estilo único e criatividade nas manobras, pontos importantíssimos pra pontuar numa Street League. Do sorridente porto-riquenho Manny Santiago, que errou tudo o que podia, mas que se entregou mostrando que estava numa bela ressaca quando o único português que ele entendeu dos narradores em português foi "saideira". Na arquibancanda, Bob Burnquist, Sain KTT (filho do D2) e Gabriel Medina, favorito numa categoria também nova nas Olimpíadas, o surf, acompanharam de perto o evento.
Lacey Baker flipando da rampa pro flat (Fotógrafo Thiago da Luz/ Instagram)
"Cultura underground está se reinventando", diz Lucas Xaparral
Batemos um papo com o Lucas Xaparral, que também competiu, mas não se classificou, pra ver o que ele achou do evento no geral. "Foi espetacular, tanto o masculino quanto o feminino. É um campeonato de alto nível, então qualquer detalhe muda a nota e influencia no resultado. Mas, o desempenho dos brasileiros foi incrível". Para ele, as Olimpíadas atingem outro público e mercado, diferente do que rola na cena underground do skate. "Mas, acredito que a indústria do skate e a cultura underground estão se reinventando e acredito que pós-Olimpíadas ela vai vir muito mais forte, mais original e mais criativa."
Sobre a autora
Nascida e criada na periferia de São Paulo, Sté Reis estudou Jornalismo na São Judas e desde então escreve sobre sua relação com as ruas da capital. Se especializou em cultura underground, música e feminismo, foi repórter em UOL Entretenimento e tem textos publicados no Zona Punk, Youpix, Brainstorm9, Deepbeep, Rolling Stone, MTV e Facebook Brasil. É assistente de conteúdo do DJ Marky, do rapper Projota, e compartilha seus achados no Malaguetas, há mais de dez anos no ar.
Sobre o blog
Histórias de quem ocupa a cidade e dicas de intervenções urbanas, música, cultura pop e esportes de rua para quem encara o asfalto de São Paulo e busca novas formas de viver a capital.