Tinta Loka mostra por que São Paulo é a capital sul-americana do grafite
Sté Reis
08/05/2018 11h25
Longe dos murais megalomaníacos e da arte de rua para gringo ver nos bairros boêmios da capital paulistana, a recém-lançada coletânea Tinta Loka apresenta 70 intervenções urbanas de destaque na periferia e interior de São Paulo.
Com apresentação de Fab Five Freddy, historiador de hip hop nova-iorquino, e do brasileiro Binho Ribeiro, o livro tem como foco novos artistas de origem periférica. A proposta é apresentar uma geração emergente, que além da arte também tem envolvimento com causas sociais em seus bairros de origem. Entre os destaques, estão Kranium, Lia Fenix e Dario Gordon.
Publicado em inglês e português, o livro tem curadoria do grafiteiro Bonga Mac, textos da jornalista Tamires Santana, além de apoio do grafiteiro Kongo Mac, fundador do coletivo francês MAC e do festival de arte urbana Kosmopolite, que anualmente reúne alguns dos melhores grafiteiros do mundo. "Para mim, São Paulo é a capital do grafite sul-americano. Esta energia é única no mundo", diz Kongo no prefácio.
Para quem quiser saber mais sobre o projeto, vale a pena conhecer o trabalho da editora Literarua, especializada em livros de música e hip-hop. Na página do Facebook do livro, ainda há programação até o fim do ano.
Selecionamos abaixo dez artistas para conhecer a arte de rua da periferia paulistana.
Kranium
De Hortolândia, no interior de São Paulo, o grafiteiro Kranium presa pelas cores e formas geométricas, ainda que suas artes tenham mais diversidade de estilos.
Niu
Com uma veia mais cartunesca, a grafiteira Niu, do Lauzane Paulista (zona norte) faz parte de coletivos femininos de arte de rua, como o Sinfonia de Cães. Entre suas pinturas, personagens mulheres e empoderamento feminino.
IconeK
Grafiteiro com pegada mais tradicional no freestyle, IconeK é um estudioso do hip-hop nacional. Mora e pinta em Vila Rica, no interior de São Paulo.
Lia Fenix
De Itu, interior de São Paulo, Lia Fenix também é ilustradora e tatuadora. Suas mulheres delicadas não raramente surgem no papel e aquarela antes de ganhar os muros.
Psedks
Detalhista, o grafiteiro de Indaiatuba tem como principais estilos o freestyle de bastante contraste nas cores e em ilustrações.
Dario Gordon
De Campo Limpo Paulista, Dario Gordon também é tatuador, com destaque para um estilo mais gótico e autorretrato.
Mauro Neri
Se você já viu ver a cidade (ou veracidade) por aí, é um projeto do artista do Grajaú, Mauro Neri. Mauro tem uma proposta de ocupação artística, aproveitando as nuances arquitetônicas do espaço para convidar o pedestre a perceber a cidade de outra forma.
Moai
De Campinas, o grafiteiro Moai pinta diferentes personagens e faz parte da New Family Crew, coletivo de grafiteiros do interior.
Pato
Artista e arte educador de Planalto Paulista, Pato também é um dos grafiteiros presentes na coletânea.
Vespa
Brasileiro de São José dos Campos, Vespa já tem obras expostas fora do país, como essa da foto em Portugal. Pinta realismo e letras tridimensionais.
Sobre a autora
Nascida e criada na periferia de São Paulo, Sté Reis estudou Jornalismo na São Judas e desde então escreve sobre sua relação com as ruas da capital. Se especializou em cultura underground, música e feminismo, foi repórter em UOL Entretenimento e tem textos publicados no Zona Punk, Youpix, Brainstorm9, Deepbeep, Rolling Stone, MTV e Facebook Brasil. É assistente de conteúdo do DJ Marky, do rapper Projota, e compartilha seus achados no Malaguetas, há mais de dez anos no ar.
Sobre o blog
Histórias de quem ocupa a cidade e dicas de intervenções urbanas, música, cultura pop e esportes de rua para quem encara o asfalto de São Paulo e busca novas formas de viver a capital.