VPS celebra cultura do skate com show do Pense e brasileiros no pódio
As rodinhas cantaram alto entre uma fila de carros, quando dezenas de skatistas remaram na manhã deste domingo para acompanhar as finais do Vans Park Series no Parque Cândido Portinari, em São Paulo. O maior campeonato de skate park do mundo desembarcou pela segunda vez no Brasil depois de passar pela primeira etapa em Shangai, na China. O evento segue para Montreal, Paris, com final em Salt Lake City, nos Estados Unidos.
A diferença entre a primeira e a segunda edição já é notável. A construção da pista na região, cercada pela dualidade dos prédios milionários do Alto de Pinheiros e pelas favelas da Zona Oeste, une os dois públicos em um interesse em comum: o skateboard. Dos skates montados com peças gringas a jovens de periferia já com as rodas gastas, o evento lotou as arquibancadas com uma torcida animada para os brasileiros na competição: Pedro Barros e Yndiara Asp, campeões na etapa nacional e Luiz Francisco e Pedro Quintas entre os destaques.
Na plateia, veteranos como Bob Burnquist e Sandro Dias acompanharam a evolução da cena nacional na modalidade. Na plateia, Badaui do CPM 22, Lucas Xaparral, Karen Jonz e Jeff Grosso também marcaram presença. As bandas BRVNKS, Deb and The Mentals fizeram a trilha sonora do rolê, com encerramento do Pense, que mostrou a importância que o hardcore nacional ainda tem para a cultura de rua. Letras afiadas na ponta da língua da galera, bandeira LGBTQIA+ no palco e stage dives incontáveis.
Entrevista: Yndiara Asp
Qual foi a sua evolução desde o último VPS em SP?
A cada evento que passa, evoluímos nas manobras, parte emocional, mental. Quero sempre dar meu melhor e me divertir. Fico muito feliz de ter bastante brasileiro no mundo do skate, representando, fico feliz de fazer parte desse momento em que o skate feminino está bem em alta. E a gente já tem grandes representantes no street. Estamos chegando junto na modalidade park para subir no pódio com a categoria feminina.
O quanto é importante a união das minas no fortalecimento de tantas campeãs neste ano?
Eu acho que a união em prol do skate faz a força, vamos todos juntos fazer o skate evoluir, ter seu respeito, seu devido lugar no mundo. Eu acho que tem espaço pra tudo, as Olimpíadas vai ser só um evento, só acontece de quatro em quatro anos, quando não tiver, vai ter gente andando por hobby, pra se transportar, vai ter gente competindo, e vai ter gente competindo. O que importa é você fazer o que gosta.
Qual foi o momento mais marcante na sua carreira como pró?
O skate me proporciona muitos momentos. Um dos mais recentes, na primeira etapa na China, tentei um drop diferente que nunca tinha mandado na última volta. Lá é diferente, a galera é mais quieta. Não tem tanta torcida, naquele momento para fazer o drop, todo mundo começou a gritar e mandar energia. E foi aquela sensação de que eu estou no lugar certo e na hora certa. E não deu outra, eu dropei e foi animal.
No Dia Internacional do Skate, quais são as conquistas e desafios pra você?
Eu acho que a gente conseguir ter mais apoio do governo, estarem construindo mais pistas. Ter mais skatistas nas construções das pistas, o fato de entrar numa Olimpíada, mostrar o skate para quem não conhece, ser mais respeitado e não tão marginalizado. Igualarem os salários para o skate feminino e masculino. É muito importante e o skate é pioneiro nisso. Esportes como o futebol ainda não chegaram a esse ponto, é muito grande essa diferença. Muito importante mostrar que não é esporte de menino, é pra quem gosta de andar de skate. As marcas também estão buscando mais skatistas mulheres.
O que você acha que torna a nova geração, como Rayssa Leal, tão destemida?
Estão surgindo crianças fazendo coisas inimagináveis até então. A Rayssa Leal é prodígio total, sou fã dela. Orgulho dela ser do Maranhão, onde não tem incentivo. Essa nova geração vem sem limitações, estereótipos e preconceitos, só querem fazer.
O que é skate pra você?
Skate é a forma que eu encontrei de me conectar com o mundo, com as pessoas. Expressar minha personalidade e aproveitar a vida ao máximo.
Entrevista: Pedro Barros
Como está rolando a VPS pra você esse ano?
O skate você pode tá todo destruído e chegar no dia e baixar uma energia em você e tu conseguir fazer coisas que você nem esperava. E você pode tá muito bem mentalmente, fisicamente, e as manobras não saírem, ou então alguém chegar e acertar manobras que você jamais esperava, então eu diria que o skate, de muitos esportes que eu vejo, é um dos mais imprevisíveis, principalmente na hora da competição.
Qual é a importância da criatividade numa competição?
Eu diria que pro skate a criatividade é quase mais importante, às vezes, do que a própria habilidade. É com essa criatividade que você se expressa e consegue ter um diferencial, e geralmente o que chama mais a atenção dos juízes na hora de uma competição é esse diferencial, eles estão acostumados a nos ver andar e competir nos últimos anos, então é sempre quando tem algo a mais, algo novo, que desperta realmente uma nota um pouco melhor, ou o interesse maior do juiz. Então eu diria que a criatividade é muito, muito importante mesmo, principalmente porque hoje é muito comum os competidores pegarem e chegarem nos próximos eventos e fazerem todas as manobras que você estava fazendo no último, então… Hoje, competindo esse campeonato eu já vejo que a maioria da molecada, até a molecada do Brasil que não competiu no ano passado e conseguiu a vaga pra esse ano já tá desenhando linhas na pista que ano passado poucos estavam, então o nível vai se elevando.
Considerando que o Brasil e os Estados Unidos têm leis diferentes em relação a maconha, como você viu a questão do doping nas Olimpíadas?
Tenho acompanhado bastante casos de doping, vi filmes alguns filmes, documentários. Dentro das Olimpíadas, alguns atletas buscam uma forma de ter uma potência a mais pro seu esporte, no atletismo, na bicicleta. Nesse caso, o doping realmente pode fazer diferença no desempenho do atleta, em casos que a substância aumenta a performance do corpo. Mas, no skate, como disse, o que importa é a criatividade, é a energia, acertar manobras muito técnicas. Eu diria que de todos os esportes, o skate é o esporte que nenhum atleta depende de doping para performance. Como artista, por que o skate pra mim também é uma forma de arte, de se expressar, sempre foi tradicional no estilo de vida, não temos regras sobre fumar um ou beber, isso é mais do estilo de vida, mas nunca faz diferença na performance. Lá (nos Estados Unidos) mesmo sendo liberado pra consumo, não é liberado pelo COI. Se a gente tá disposto a participar dessa competição, e ela tem essas regras, acho que faz parte. Respiramos o skate todo dia, não são essas restrições que vão moldar o skate daqui pra frente.
O que é skate pra você?
Skate é o ar que eu respiro todos os dias, minha família, meu mundo.
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